As crises têm o poder de nos mostrar as fragilidades dentro do nosso negócio

Quando tudo está indo muito bem, tempos de ¨vacas gordas¨,  em geral nos descuidamos de alguns detalhes. Mas isso acontece não de forma voluntária. Com o faturamento alto, clientes em abundância e fluxo de caixa positivo, acabamos não prestando muita atenção nos pequenos ralos abertos do negócio.

Tudo vai fluindo, dinheiro entrando, dinheiro saindo. E temos a percepção de que está tudo indo muito bem. E está de fato. É aquele momento que nos damos conta de como é bom ser empreendedora.

O dia a dia do negócio é empolgante porque enxergamos o resultado. E usufruímos na prática dos frutos do nosso trabalho.

Mesmo que façamos afirmações como ¨Gosto tanto do que faço que nem parece trabalho¨ ou ¨Faria até de graça¨, na realidade um grande componente da nossa satisfação é ter dinheiro para usar livremente e poder realizar os nossos sonhos materiais.

É sobre ter nossos boletos pagos na data certa.

Nestes períodos de bonança, nos sentimos invencíveis. Como se nada fosse capaz de abalar nosso negócio ou nossa autoconfiança.

E então chega uma crise

Pode ser causada por fatores externos como crises econômicas, políticas ou sanitárias. Ou ainda por fatores internos como depressão, doença na família, um funcionário de confiança que vai embora, um grupo de clientes que para de comprar.

E são estes momentos que testam a nossa resiliência como empreendedora.

Como se a receita de bolo que usávamos e dava muito certo parasse de funcionar de repente.

Inicialmente não queremos acreditar. Pensamos que logo vai passar. Sem que tenhamos que fazer nada de diferente.

E é aí que algumas empreendedoras desistem.

Mas passar por uma crise nos leva para outro nível do jogo

Só conseguimos enxergar isso depois de passar pela primeira. Mas nem todas as empreendedoras decidem abraçar a crise.

O que é uma pena, pois esta é uma oportunidade única de desenvolvimento.

A habilidade de trabalhar sob pressão só é realmente desenvolvida em condições reais. Por mais que a teoria nos ensine como lidar com imprevistos, é mesmo no campo de batalha que desenvolvemos o aprendizado para criar soluções inovadoras.

E é aí que vamos tapar nossos ralos abertos.

Enxergando os detalhes

Poucos reais ou centavos de desperdício que antes não faziam diferença,  passam a ser fundamentais para a sobrevivência do negócio.

Clientes que antes olhávamos de lado por serem trabalhosos, passam a ter um novo status.

Se antes tomávamos decisões que custavam um pouco mais e davam menos trabalho, como comprar algo mais perto de casa ao invés de ir ao mercado central da nossa cidade, passamos a avaliar cada compra.

Se antes perdíamos R$ 300,00 em desperdício, compras erradas ou sobra de produção, durante uma crise estes R$ 300,00 significam uma conta paga a mais.

Desenvolvendo novas habilidades

Em geral é durante as crises que melhoramos nossa produtividade. E também a nossa margem de lucro.

E tudo isso é muito positivo. Mesmo que na prática seja uma crise.

É graças à ela que somos obrigadas a rever nossos processos e voltar à prestar atenção nos detalhes.

E quando a crise passa, e ela sempre passa, nós estamos super preparadas para o crescimento.

É como amolar muito bem uma faca. O corte depois fica perfeito. Ao aprender com a escassez temos muito mais condições de crescer com solidez.

Vamos abraçar as crises e aprender com elas?